terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Bem-estar para garantir mercados


Produzir carne garantindo bem-estar aos animais não é apenas uma questão de qualidade e aumento da lucratividade na produção – também está ligado à manutenção de mercados exportadores.
Há quase dez anos, garantir bem-estar aos animais de produção é prioridade na União Europeia (UE) e no Reino Unido. O Brasil, que tem no bloco um dos maiores mercados para o escoamento da carne bovina produzida aqui, tem motivos para se preocupar. Cerca de 80% dos consumidores europeus acreditam que são responsáveis pelo bem-estar dos animais que consomem e 89% deles acreditam que a produção da carne importada deve seguir as mesmas regras de bem-estar aplicadas pelos produtores europeus, de acordo com pesquisa realizada pela Comissão Europeia, a Eurobarometer
.
Para o Ministério da Agricultura brasileiro, adequar a produção nacional a boas práticas de manejo pode evitar sanções comerciais. “Bem-estar animal é uma questão estratégica para garantir mercados atuais e abrir espaço em novos. O Brasil, como país exportador, tem que garantir bem-estar, porque ele está ligado à qualidade, à segurança do produto e a boas práticas agropecuárias”, afirma a fiscal federal agropecuária da Comissão Técnica de Bem-estar Animal, Andrea Parrilla.
As sanções às quais Andrea se refere são uma realidade com a qual se preocupar. Propostas sobre possíveis barreiras tarifárias a países que não produzam com os mesmos critérios de bem-estar animal do bloco foram apresentadas pelos europeus na OMC (Organização Mundial do Comercio). O Brasil, porém, mostra-se contrário a quaisquer tipos de sanções.
“A UE está perdendo poder de subsídio. Acreditamos que o bloco pode tentar transformar bem-estar animal em barreira comercial, mas desenvolvemos trabalhos nos precavendo a isso. O Ministério acredita que precisamos ter parâmetros estudados e validados no Brasil, de acordo com a realidade brasileira”, afirma Andréa.
Para a fiscal, se o país tiver base científica atestando que os animais estão sendo bem cuidados, terá argumento equivalente nas discussões sobre o assunto.

Um comentário:

  1. Com incentivo do governo e a cobrança por parte do mercado, acredito que aos poucos os criadores de gado passarão a ver o manejo racional como um investimento e não como um "mero gasto". Assim como nós que acompanhamos seu TCC, os consumidores estão prestando mais atenção aos produtos nas gôndolas dos supermercados. O Brasil não pode ficar de fora dessa.

    ResponderExcluir