terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Manejo racional de bovinos leiteiros é tema de curso


O Grupo ETCO, ligado à Unesp de Jaboticabal, irá ministrar um novo curso de manejo racional: desta vez, o foco está nos bovinos leiteiros. O programa conta com noções sobre bem-estar animal e o mundo sensorial dos bovinos. Questões como ponto de fuga e comportamento social dos animais também serão tratadas.
Além das aulas teóricas, a prática contará com a avaliação de pontos críticos nas instalações e com boas práticas na ordenha – desde a condução dos animais até a organização dos animais no curral. Clique aqui e conheça o programa do curso.
O responsável pelo curso será o Prof. Dr. em Bem-estar Animal da Unesp de Jaboticabal, Mateus J. R. Paranhos da Costa.

Informações:
Data: de 25.02. a 27.02.2010
Local: Fazenda Germânia – Taiaçu (SP) [a 373 km da capital paulista]
Vagas: 30
Investimento: R$ 500,00 (pode haver concessão de desconto)
Tels: (16) 3209 1300 / (16) 3202 3430
Inscrições: www.funep.com.br/eventos

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Especialista em manejo racional dá dicas para produtores

Muitos produtores têm interesse em implantar uma lida racional nas fazendas. No entanto, carecem de informações sobre o assunto.

O médico veterinário Renato do Santos presta assessoria a fazendas de todo o Brasil sobre manejo racional. Busca mudar, nos cursos que ministra, a relação dos peões com os animais. É colaborador do site beefpoint.com.br.
Nesta entrevista, ele aponta as melhoras na fazenda quando se adota o manejo racional, tanto para os animais quanto para os trabalhadores. E acredita que o conhecimento é o responsável pela mudança de atitude dentro dos currais.

1. Por que é importante uma lida racional?
A lida gentil, ou seja, não agressiva, vai tornando os animais menos reativos, o que facilita o manejo, diminui acidentes e a necessidade de manutenção ou consertos na infraestrutura da fazenda. Na fazenda, de forma direta, o benefício é a maior satisfação dos funcionários e dos animais, que têm bem menos problemas sanitários, já que o estresse facilita doenças oportunistas. Pelo menor estresse, os animais respondem melhor no ganho de peso. Com certeza, possibilita também à indústria transformar uma matéria-prima de melhor qualidade em características importantes no produto, como maciez, sabor e cor. Há também uma melhora no rendimento de carcaça, já que não haverá necessidade de limpeza devido ao menor número de lesões.

2. Para um trato racional com os bovinos, é importante conhecer aspectos básicos de seu comportamento. Como realizar um bom treinamento com a equipe para o manejo com o animal?
Um manejo racional ou menos agressivo só é possível com conhecimento sobre o animal com o qual se vai trabalhar em quesitos como comportamento, temperamento, visão, audição, enfim: conhecer este animal o melhor possível. Só o conhecimento possibilita aos trabalhadores/peões observar/enxergar o que têm feito de errado ou quais melhorias têm de ser feitas na estrutura da fazenda. O conhecimento possibilita a mudança de atitude. Com treinamento na fazenda, é possível isto acontecer. Os peões são os que mais gostam dos bovinos e, por isto, querem melhorar. Quando enxergam, por meio do conhecimento oferecido no curso [de manejo racional], eles respondem maravilhosamente bem e ficam orgulhosos em aprender.

3. Que características devem ser observadas num peão ao contratá-lo quando o objetivo é garantir uma lida racional?
A característica mais importante é que o peão seja uma pessoa focada no trabalho e que demonstra gostar do que faz. [É importante ser] Calmo, observador, de raciocínio rápido.

4. Você trabalha com treinamento para mão-de-obra. Na fazenda, quais são as dificuldades mais encontradas quando se propõe um manejo com foco no bem-estar animal?
O ponto mais difícil é fazer com que os proprietários participem do treinamento para entender a importância econômica de um manejo racional. No treinamento, é dito e mostrado o que cabe aos peões melhorar e também o que cabe à fazenda, melhorias que, na maioria das vezes, não acontecem. Isso desestimula os trabalhadores.

Bem-estar para garantir mercados


Produzir carne garantindo bem-estar aos animais não é apenas uma questão de qualidade e aumento da lucratividade na produção – também está ligado à manutenção de mercados exportadores.
Há quase dez anos, garantir bem-estar aos animais de produção é prioridade na União Europeia (UE) e no Reino Unido. O Brasil, que tem no bloco um dos maiores mercados para o escoamento da carne bovina produzida aqui, tem motivos para se preocupar. Cerca de 80% dos consumidores europeus acreditam que são responsáveis pelo bem-estar dos animais que consomem e 89% deles acreditam que a produção da carne importada deve seguir as mesmas regras de bem-estar aplicadas pelos produtores europeus, de acordo com pesquisa realizada pela Comissão Europeia, a Eurobarometer
.
Para o Ministério da Agricultura brasileiro, adequar a produção nacional a boas práticas de manejo pode evitar sanções comerciais. “Bem-estar animal é uma questão estratégica para garantir mercados atuais e abrir espaço em novos. O Brasil, como país exportador, tem que garantir bem-estar, porque ele está ligado à qualidade, à segurança do produto e a boas práticas agropecuárias”, afirma a fiscal federal agropecuária da Comissão Técnica de Bem-estar Animal, Andrea Parrilla.
As sanções às quais Andrea se refere são uma realidade com a qual se preocupar. Propostas sobre possíveis barreiras tarifárias a países que não produzam com os mesmos critérios de bem-estar animal do bloco foram apresentadas pelos europeus na OMC (Organização Mundial do Comercio). O Brasil, porém, mostra-se contrário a quaisquer tipos de sanções.
“A UE está perdendo poder de subsídio. Acreditamos que o bloco pode tentar transformar bem-estar animal em barreira comercial, mas desenvolvemos trabalhos nos precavendo a isso. O Ministério acredita que precisamos ter parâmetros estudados e validados no Brasil, de acordo com a realidade brasileira”, afirma Andréa.
Para a fiscal, se o país tiver base científica atestando que os animais estão sendo bem cuidados, terá argumento equivalente nas discussões sobre o assunto.

Afinal, o que é bem-estar animal?

O termo bem-estar animal vem sendo empregado sob uma nova perspectiva: longe de considerações éticas, ele agora é utilizado como um conceito científico no estudo do comportamento dos animais, sob a perspectiva de estes serem “sencientes” (ou seja, capazes de sentir).
Com base nesta premissa, estudos desenvolvidos para analisar índices fisiológicos dos animais apontam que estes são menos produtivos em situações negativas (ligadas ao estresse) e mais produtivos em situações positivas (ligadas ao prazer). Ou seja: ao se sentirem livres de situações de estresse e de sofrimento, os animais produzem mais e os produtores têm maior lucratividade.
Com isso, boas práticas de manejo, tanto nas fazendas quanto nos frigoríficos, garantem maior qualidade aos produtos e menos perdas econômicas. Além disso, garantem mais visibilidade aos produtos e maior inserção em mercados diferenciados.
Estudos sobre assunto vêm sendo feitos desde a década de 1960, mas foi o professor inglês Donald Broom que lecionou pela primeira vez uma disciplina sobre o tema, na Inglaterra em 1.986, no curso de Medicina Veterinária da Universidade de Cambridge.
Estudando as características comportamentais dos animais, o BEA propõe cinco liberdades. Com elas, eles devem estar:
  1. Livres de fome e sede
  2. Livres de desconforto
  3. Livres de dor, ferimentos e doenças
  4. Livres para expressar seu comportamento natural
  5. Livres de medo e angústia
Além do apelo econômico que a adaptação do manejo com os animais possui, o lado ético deste tipo de produção também tem levado produtores a adotar um novo modelo. Muitos consumidores, principalmente de mercados como o europeu e do Reino Unido, têm exigido que as grandes redes varejistas comprem produtos apenas de fazendas sustentáveis, onde os animais não sofram maus-tratos e tenham suas liberdades individuais salvaguardadas.

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

O blog

Durante o ano de 2009, desenvolvi um suplemento impresso sobre técnicas de manejo racional com o gado de corte e de leite, voltado para produtores do Vale do Paraíba. Foram entrevistados pesquisadores sobre bem-estar animal e os benefícios desta técnica (para as fazendas e para os bovinos), produtores que adotaram o manejo racional e aumentaram sua produtividade e demais personagens do cenário nacional envolvidos com a temática.
Ao longo deste blog, serão publicados posts que discutirão mais detalhadamente as temáticas apontadas aqui.